ZÉ Lero: “Faria tudo de novo se tivesse a roça como escudo e a mulher amada”

Fotos: Alejandro Garcia / Farol

O comerciante José Pereira de Sá, ou apenas ‘Zé Lero’, como é mais conhecido, completou 85 anos no mês passado. Por muito tempo foi proprietário de uma bodega que nas décadas de 60/70 era um dos pontos de encontro de quem gostava de debater política e o futuro de Serra Talhada. De acordo com o comerciante, foi na bodega, em 1962, que conseguiu criar e educar seis filhos. Mas, em conversa com o FAROL, Zé Lero revelou uma parte da sua história que poucos conhecem.

“Gosto da roça, do cabo da enxada, picareta, foice, a roça sempre foi meu escudo e sempre tive orgulho de ter trabalhado na roça. Depois abri um comércio na vila São Francisco que a Barragem de Serrinha cobriu tudo. Tá tudo debaixo d’água. Foi quando vim para Serra Talhada e abri aquele comércio que você conheceu”, disse Zé Lero, não escondendo o orgulho do passado.

Há dois anos ele perdeu a esposa, Otacilia Pereira de Sá, e hoje, segundo Zé Lero, a dor da saudade é o sentimento que mais lhe acompanha. “Foram 62 anos de casado e ela me ajudou muito. As vezes queria ir comigo para o cabo da enxada. Era uma mulher guerreira. Mas nunca deixei que fosse pra roça. Se eu pudesse faria tudo de novo, mas se tivesse ao lado dela. Foi ela quem me ensinou a dançar valsa”, recordou com satisfação.

Aos 85 anos,  Zé Lero tem 6 netos e agora, longe do comércio e aposentado, o comerciante acredita que fez a sua parte. “Criei a minha família com muito trabalho. Se não tem alguém formado não foi por culpa minha. Sou um homem feliz, mas faria tudo de novo com a minha mulher de lado”, finalizou.