Fotos: Alejandro Garcia/ Farol
O agricultor Josias Correa de Lima, 73, residente na Malhada do Juá, zona rural de Serra Talhada, vem chamando a atenção da vizinhança por ter tomado uma decisão diferente. Há seis meses que iniciou a construção do seu túmulo e da esposa, uma capela simples erguida no quintal da casa. Até agora gastou cerca de R$ 6 mil no ‘empreendimento do futuro’ e garante não estar arrependido.
“Fiz este túmulo porque no cemitério de Serra Talhada só enterra um se tiver o local feito. Não tem mais vaga de jeito nenhum e resolvi tomar a iniciativa. Não quero passar o que passou um sobrinho meu, que foi enterrado e com três dias depois tiveram que arrancar para dar vaga a outro. Não quero isso. Além disso não quero dar trabalho para minha família”, disse seu Josias Lima, em conversa com a reportagem do FAROL.
Segundo o agricultor, foi uma decisão pensada que vai influenciar, inclusive, outros vizinhos. “Já tem dois amigos que me disseram que iriam fazer a mesma coisa”, confirmou. Ciente que a prefeitura é responsável pela falta de espaço no cemitério, que não recebe investimentos há mais de dez anos, o agricultor disse que fez questão de procurar o governo de Serra Talhada para oficializar a obra.
“Ôxente, quando cheguei na prefeitura me perguntaram logo se eu queria ajuda para construir o túmulo e disseram logo que não tinha dinheiro. Respondi na bucha: “meu amigo, dinheiro eu tenho, só vim dizer que vou construir e acabou-se”.
Aos 73 anos, Josias Correa de Lima diz estar feliz por ter tomado a decisão, mas lamenta que os três filhos não tenham lhe apoiado. “Minha filhas não querem se enterrar aqui. Refugaram. Quem sabe se eu vou durar muito é Deus, pois um homem com 73 anos já está vencido. Muita gente disse que era errado eu fazer, mas o meu destino é ser enterrado no que é meu”, finalizou.
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