Giovanni Filho

É jornalista e mestrando em comunicação social

Como havíamos previsto, na coluna passada (veja), a oposição ao governo Luciano Duque esmoreceu. Está em frangalhos à procura de um norte. Semanas atrás, tínhamos adiantado que os comportamentos dos vereadores Márcio Oliveira e Gilson Pereira, ao se declararem “independentes” e plantarem farpas ao invés de flores no jardim político local, seria um anúncio de mudanças a favor do prefeito petista, que vem articulando alianças de olho em 2016.

Márcio, após destacar-se como um dos mais atuantes da oposição adorou o calorzinho do abraço de Luciano Duque e vai encarar a penosa tarefa de ser secretário de Serviços Públicos. Que Deus o tenha! Triste é saber que o parlamentar teve acesso a documentos e estratégias importantes que poderiam minar a governabilidade duquista, que vinha sendo aborrecida por cobranças consistentes. Entre elas, a papelada do polêmico anel viário.

Como não lembrar que foi por conta de Márcio Oliveira que o governo mudou uma licitação de R$ 1 milhão só para a compra de cadeiras de rodas? Enfim, agora o caldo mudou de sabor, especialmente, porque uma águia foi domesticada e talvez nunca mais aprenda a voar sozinha. O vereador Gilson Pereira tende a se destacar mais com a ausência de Márcio na Câmara Municipal. Mesmo lamentando o fardo, Gilson ainda personifica um grupo de oposição que não lhe valoriza.

O próprio Sebastião Oliveira, em conversa com o FAROL, admitiu isso (veja), e parece disposto a mudar. Um primeiro passo foi reconhecer o erro. O secretário de Transportes, no entanto, sentiu a apunhalada e quer correr atrás do que possa ter sobrado do seu grupo. É desafio dele pensar a estratégia de manter uma oposição unida diante tentadoras ofertas de quem está com máquina pública nas mãos.

Creio que cargos e dinheiro não irão resolver, realmente, um problema eminentemente comunicativo na oposição. Um dos grandes entraves que vem afetando os sebastianistas tem sido a ausência de alteridade. Sem ela, a política transforma-se num frio escambo fisiológico de interesses (mas já não é?). Mas tudo na vida tem jeito. Só a morte nunca soube da arte de negociar. Sebastião vive uma prova de fogo. Vamos saber se ele entende de fazer política de verdade agora.