eugênioPor Eugênio Marinho, empresário de Serra Talhada e colunista do Farol

Resolvemos escrever esta carta, pois como autoridade máxima da nação, Vossa Excelência, precisa intervir para mudar a nossa realidade.

Estamos no corredor da morte, não roubamos, não matamos, não cometemos nenhum delito. Sabemos que todo criminoso diz isto, mas há como investigar e saber que falamos a verdade. Somos crianças, homens, mulheres, estudantes, professores, empregados, empregadores, profissionais liberais, somos, cidadãos brasileiros.

Dia a dia, fazemos direitinho nosso papel na sociedade, contribuímos para que o Brasil um dia seja um país diferente, civilizado. Mas, estamos na fila, aguardando a qualquer momento sermos executados, nem vão nos dizer por que. Aqui, diferente dos hospitais, a fila anda, e anda rápido, oficialmente, são 153 execuções por dia, 55000 por ano.

A seguir transcrevemos uma carta dos pais do nosso compatriota, estudante de biologia do Rio de Janeiro, “Cidade Maravilhosa”, Alex Schomaker Bastos, que nem conhecemos, mas nos emocionamos ao ler.

“Filho, não temos condições de perdoar. Lamentamos não conseguir seguir o que te ensinamos. Nós não perdoamos. Não perdoamos os assassinos, não perdoamos os governantes, não perdoamos as autoridades.

 Mas temos que te dizer que estamos tentando ter confiança na Justiça. Que os seus assassinos serão presos e receberão uma pena justa. Não queremos vingança. Lembre-se que nós sempre te ensinamos a não ser vingativo.

Esta carta é para te lembrar que este ano o Rio de Janeiro vai fazer 450 anos e muitos comemorações estão programadas. Mas você não vai assistir porque foi assassinado com SEIS TIROS no ponto de ônibus da Rua General Severiano, porque você prefere pegar o ônibus 434. E no Rio de Janeiro, é crime escolher o ônibus favorito.

Esta carta é para te lembrar que o novo/velho governo escolheu como lema ‘Brasil, pátria educadora’.

Meu filho, nos despedimos pedindo perdão por não termos conseguido te proteger. Jamais nos perdoaremos.” Andrei Bastos e Mausy Schomaker.

Recentemente, assistimos o governo brasileiro, através da sua embaixada na Indonésia tentar reverter a pena de morte aplicada a um brasileiro que lá entrou traficando cocaína. Como ele foi executado o nosso governo demonstrou sua indignação chamando o embaixador de volta ao Brasil.

A Indonésia, tem 250 milhões de habitantes e 15.000 mortes por assassinato por ano. O Brasil tem 200 milhões de habitantes, temos muito mais recursos que a Indonésia e 55.000 mortes por assassinato por ano. Esperamos que Vossa Excelência aproveite a conversa com o embaixador para perguntar a ele como a Indonésia consegue ter este cuidado com os seus habitantes, ela é quase quatro vezes mais eficiente que o Brasil, quando o assunto é segurança pública.

Nos primeiros quatro anos de seu governo a violência aumentou, alguns compatriotas acreditaram na sua promessa e na do ex-presidente Lula, quando disseram que o seu segundo governo seria melhor sobre todos os aspectos, inclusive na segurança pública. Deus queira que eles estejam certo.

Presidenta, clemência. Não somos criminosos, somos com muito orgulho, cidadãos brasileiros.