Por Márcio Siqueira, professor

Inspirado numa crônica de um famoso jornalista brasileiro, explano algumas considerações sobre a corrupção da nossa classe política. São vergonhosas estas crises constantes de escândalos de corrupção em torno dos agentes públicos do atraso, dessas oligarquias. É a ética da corrupção e da mentira. As dissimulações, as carinhas fingidas de inocência dos acusados, ostentando dignidade me fazem vomitar.

São ladrões de olhos em brasa, dedos em riste na defesa própria…Chegam até a intimidar! Conseguem inverter os papéis! São negativas que não irritam mais, mas nos provocam náuseas. Declamam falsas virtudes acompanhadas de “lágrimas de crocodilo”. Muitos têm empresas construídas em “sanfonas”, uma dentro da outra. Muitos têm firmas sem donos, sem endereços, sem portas, sem obras. Quase todos sugam ilegalmente o dinheiro do povo nas licitações fraudulentas, na indústria da seca, quando contratam carros-pipa em nomes de laranjas e no superfaturamento das compras de equipamentos hospitalares…

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E as amizades cordiais dentro das famílias corruptas? São inúmeros os irmãos, os primos, cunhados, tios, mulheres, maridos, ex-sócios, ex-mulheres que assumem contratos de gaveta, recibos falsos, todos unidos como um bando de ali-babás, sincronizados num balé de ladroagens. E os perfis físicos? Muitos são barrigudos, pescoços grossos, bigodões severos para conferir macheza e seriedade a semblantes malandros. Outros, percebendo o estigma negativo dessas características, assumem rostos barbeados, como bunda de bebê, e sorrisos fingidos.

Mas todos acumulam as mesmas riquezas: mansões com piscinas, fazendas, lanchas, apartamentos de luxo para cada filho, carrões importados que só trafegam nas capitais, férias caras em cidades turísticas ou em Miami. Muitos, também, têm amantes e mulheres tristes e desprezadas em casa e filhos oligofrênicos ou ladrões como os pais. E o vocabulário deles quando em defesa da própria honra? Os desgraçados, quando acusados com provas cabais, chegam a nos irritar quando afirmam que são ilibados, imaculados, que sofrem infâmia de inimigos políticos, e que todas as acusações são despautérios, aleivosias…

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Um deles, chegou a afirmar: “Isso é um tribunal de exceção, parecido com o de Nuremberg!” Outro, chorando, declarou: “Sou vítima e não vilão”. E a falta de memória, misturada com a cegueira e a surdez? Ninguém se lembra de nada, ninguém viu nada, ninguém ouviu nada… – “Como! Essa mulher loira ali sentada, popozuda! – Não me lembro se foi minha secretária ou não!” Nesse mundo político, a corrupção é regra e a ilegalidade a lei. A honestidade envergonha e a ética marginaliza.

            “Ó meu padin pade Ciço”, nos proteja!