Bom dia, boa tarde e muito boa noite aos diletos faroleiros e faroleiras. Neste domingo de fevereiro resolvi fazer uma viagem por uma rua que é muito especial na minha vida: a rua Agostinho Nunes Magalhães ou a rua da prefeitura, no centro de Serra Talhada. Faço isso com muito prazer pois nasci na Agostinho Nunes Magalhães, na residência de número 413. Aliás, o ’13’ é um fenômeno em minha vida. Nasci em 13 de setembro e passei 13 anos filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) – que também é 13. Mas isso é uma outra história.

Tenho boas lembranças da rua da Prefeitura, onde passei parte da minha infância. Ainda recordo a imponência do Cine-Art, com sua arquitetura e sua magia, e a figura silenciosa do Raimundo do Som. Um misto de bilheteiro e gerente do cinema. Hoje, o Cine-Art deu espaço a um centro de lojas e nada restou da sua memória. Nossa terra tem sido ingrata no quesito registro da história ou conservação da memória.

Indo mais à frente, na mesma rua, lembro de uma farmácia que tinha na esquina logo após  a loja do senhor João Duque. Não tenho lembrança do nome do proprietário, apenas da sua fisionomia raquítica e fala mansa. Minha turma sabia do seu segredo e não perdia uma oportunidade. Chegavámos ao balcão e perguntavámos: “O senhor vende cigarro aí”? O bom velhinho pegava um pedaço de madeira e saia soltando cobras e lagartos. Quanto a nós, meninos de pés descalços, saíamos correndo em busca da próxima travessura.

Logo após, tinha uma outra farmácia, a de Tadeu Belfort. Lá funcionava uma espécie de centro de conspiração contra a ditadura. Tadeu vendia jornais e foi um dos fundadores do antigo PMDB. Minha diversão neste espaço era esperar o Diário de Pernambuco, aos sábados, que geralmente chegava por volta das 13 horas (Olha o diabo do treze de novo). Pois bem. Costumava escrever poemas ao suplemento infantil e tinha um verdadeiro orgasmo ao ver um deles publicado.

Na rua da prefeitura também tinha padaria ( a do Jamildo), a loja do ‘seu’ João Arlindo, a sapataria de Gregório Ferraz, o relojoeiro, o Cine-Plaza, a sorveteria… Ufa! quantas saudades. Mas uma coisa ainda me intriga até hoje: A resistência do Bar do Josué, onde nada mudou de lá prá cá. As mesmas garrafas na prateleira e até a poeira instalada no espaço, parecem dizer que são testemunhas ocular de muitas histórias.

E mais: nem mesmo o tempo foi capaz de melhorar o humor de Josué. Quem não tiver uma boa pergunta… recebe logo um boa resposta do proprietário. “Josué, estou a mais de 10 minutos aqui fora esperando por uma cerveja”. A resposta: “Ora, eu não atendo direito quem tá aqui dentro… imagine quem estar fora”. O caso eu conto como o caso foi.

Bom domingo para todos!