ProstituiçãoTodos os dias, Maria (nome fictício) sai de casa às 7h30 para trabalhar nas imediações da Rua 13 de maio, no centro de Serra Talhada. No entorno, funciona um dos mais antigos pontos de prostituição da Capital do Xaxado.

A reportagem do FAROL apurou que na popular ‘Rua da Lama’- nome popularizado desde a década de 50- cerca de 25 mulheres vivem da prostituição cobrando cerca de R$ 50 por programa. Mas a ‘batalha’ está cansando a maioria das ‘profissionais do sexo’ que se articulam em busca de novas oportunidades.

“A vida é difícil porque tenho dois filhos para criar sozinha. Pago aluguel, água, luz e botijão de gás. Não tenho ajuda de ninguém e banco tudo sozinha. Este é um trabalho como qualquer outro. Respeito para ser respeitada e quero ser considerada”, declarou Maria, que tem dois filhos: um de 13 e outro de 18 anos. Aos 37 anos e cerca de seis na prostituição, ela confessa que sonha em deixar as ruas de Serra Talhada.

“Se eu tivesse oportunidade eu buscava uma outra profissão. Só estudei até a 8ª série mas não conclui. Se tivesse oportunidade de voltar a estudar, fazer um Pronatec, eu estudaria. Não tenho mais esta oportunidade. Aqui nós somos discriminadas porque tem gente que critica achando que a nossa profissão não é um emprego, que está tirando de um pai de família. Mas a gente vem trabalhar para ganhar o da gente. Ninguém sabe das nossas dificuldades. Meu sonho mesmo é ter uma renda certa para cumprir meus compromissos”, resumiu. Durante o mês, Maria fatura entre R$ 600 e R$ 700.

ASSOCIAÇÃO CONTRA A DISCRIMINAÇÃO

Já Lurdinha- nome fictício- também sonha em sair das ruas, mas revelou que viveu experiências de trabalho como doméstica que lhe causaram traumas. “Fui muita humilhada quando trabalhei em casa de família. Tem gente que trata a gente como cachorro”, relembra.

A receita que as ‘meninas’ encontraram para combater o preconceito foi fundar uma associação da categoria. “A gente quer ter o direito de chegar num posto de saúde e ser atendida igual aos outros. Se sentir respeitada. Vamos nos unir em associação para ver se muda isso. Pode ser uma saída”, declarou Maria, numa roda de conversa com o FAROL com mais quatro colegas de profissão.

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