LAMPIÃO

O FAROL conversou com o diretor do espetáculo ao ar livre o Massacre de Angicos, que está em cartaz até o próximo domingo em Serra Talhada. José Pimentel, um dos mais conceituados do ramo, comemora um aumento de público nesta terceira edição do projeto, detalha as inovações presentes na peça em 2014 e fala sobre a polêmica cena em que Lampião volta dos mortos. Confira!

Farol– Como você avalia esta terceira edição do Massacre de Angico em Serra Talhada. Está de acordo com o que você planejou?

Pimentel – Minha avaliação é a melhor possível. No terceiro ano de encenação do espetáculo dá para notar um aumento de público, a maturidade de atores e atrizes no desempenho de suas personagens e o incremento de novos efeitos de som e luz, que deram maior brilho e grandiosidade ao evento. Portanto, está tudo dentro do que eu havia planejado desde o primeiro ano do espetáculo.

Farol– As inovações no espetáculo têm causado muitos comentários. Com por exemplo, a ressurreição e a mensagem de Lampião no final do espetáculo. Você tem acompanhado este debate que acontece na imprensa local?

Pimentel – Não tive tempo de acompanhar o debate. As inovações no espetáculo não se restringiram apenas à suposta “ressurreição” de Lampião. Houve uma sensível melhora na iluminação e na trilha sonora, novos efeitos e novas músicas. A música que ficou famosa na voz de Amelinha foi incluída no espetáculo e esse fato levou a uma nova cena, sempre aplaudida pelo público. O uso de um elevador para alçar Lampião não tem nada a ver com a cena da ressurreição de Jesus.

Talvez as pessoas tenham buscado o fato de eu fazer o Jesus, na Paixão de Cristo do Recife para ligar com a cena de O Massacre. Mas não pretendi ressuscitar Lampião. Quis apenas  tornar mais forte o fato de que Lampião, queiramos ou não, será eterno na história de Serra Talhada, do Brasil e do mundo. Se foi bom ou mau depende do julgamento de cada pessoa.

O que não podemos negar e nem esconder é o fato concreto de que ele faz parte de nossa história.  Não houve ressurreição. Houve, isto sim, a tentativa de reafirmar que Lampião estará sempre presente no imaginário, nos livros e na história dos sertões brasileiros.

Farol– O espetáculo termina neste domingo. José Pimentel já pensa em mudanças para 2015? Pode anunciar alguma novidade?

Pimentel – Sim, penso em mudanças, sim. Não gosto de dormir sobre os louros conquistados. Há em mim, sempre, a ânsia da mudança, da inovação, da manutenção do sucesso. Manter, sempre, o público presente no espetáculo e, para isso, é necessário motivá-lo, fazê-lo sair de casa para ver uma nova cena, algo polêmico, novos efeitos, mais grandiosidade. Espero que essa ânsia nunca desapareça de mim.

Farol- Como é dirigir um texto que não é seu e trabalhar com atores que você não tem uma relação mais cotidiana?

Pimentel – No início temi. Era a primeira vez que dirigia, no teatro ao ar livre, uma peça que não era de minha autoria com atores e atrizes com os quais nunca havia trabalhado. Com o tempo, os ensaios, a convivência, tudo foi se tornando mais fácil.

Descobri uma produção sempre atenta às necessidades da encenação e um elenco que se mostrou extremamente talentoso e desejoso de aprender.

O resultado de tudo isso está configurado no sucesso da encenação e no número sempre crescente de espectadores que todas as  noites seguem com atenção e respeito as várias cenas, com aplausos em cena aberta e aplausos vigorosos ao final de cada apresentação.