delegacia stA educadora e coordenadora do Movimento Mova Brasil, projeto que atua na alfabetização de jovens e adultos em Serra Talhada e em várias regiões do País, Rivalda Valões, procurou o FAROL, nesta quinta-feira (23), para denunciar que foi agredida fisicamente e verbalmente por policiais civis dentro da delegacia de Serra Talhada. Revoltada, ela buscou vários órgãos de imprensa e acionou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para abrir procedimento investigatório.

De acordo com Rivalda Valões, as agressões aconteceram após ela procurar a Polícia Civil para prestar queixa contra um ex-companheiro. No entanto, ela conta que foi destratada e pressionada a não registrar boletim de ocorrência, já que o seu ex-marido tem parentes na polícia. Rivalda relata que foi praticamente arrastada para fora da delegacia, chegando a levar um chute, empurrões e tapas nas costas.

Ela relembra que as agressões ocorreram na frente da filha, que a acompanhava. Revoltada, a educadora disse que cobrou providências urgentes ao delegado de plantão, Olegário Filho, inclusive, querendo registrar B.O. também contra o escrivão que lhe prestou mau atendimento. No fim das contas, a educadora acabou detida numa cela dentro da própria delegacia de Polícia Civil. Após o ocorrido, Rivalda Valões procurou o Hospam para exame de corpo delito, o qual atesta, segunda a educadora, as agressões.

“Fui agredida na delegacia de Serra Talhada por um dos escrivões e, depois, pelo próprio delegado, que em vez de apurar o ocorrido, mandou me deter, pois fui denunciar a injúria que sofri pelo meu ex-companheiro, mais como o mesmo chegou relatando que tem um irmão policial e um sobrinho capitão, e isso foi o que valeu. Mas não vai ficar assim, não vou me calar diante nenhuma polícia machista que bate em mulher. Fiz corpo delito, ficou comprovado as escoriações do chute que levei, tudo na frente da minha filha, não tive o direito de fazer o B.O.”, desabafou Rivalda, concluindo:

“O delegado dizia que eu não tinha como provar as alegações de agressão. Mas tenho vídeo, tenho fotos, e tenho os laudos do Hospam, já procurei advogado e vou procurar o Ministério Público para apurar este abuso de poder.”

O OUTRO LADO

O FAROL ouviu a versão da Polícia Civil de Serra Talhada, que informou que o delegado Olegário Filho mandou deter a educadora por desacato à autoridade. A delegacia negou que tenha existido negligência no atendimento ou qualquer coação para que Rivalda Valões desistisse de fazer o boletim de ocorrência contra o ex-companheiro.

“O B.O. contra o ex-marido dela foi registrado sim. Mas, na ocasião, ela foi informada que o seu ex-companheiro poderia prestar queixa contra ela também, já que as agressões verbais e injúrias foram comprovadas partindo de ambas as partes. Então, achando que a polícia estava fazendo corpo mole, já que o escrivão havia feito o registro do caso, e depois pediu para ela esperar a chegada de um outro escrivão, o qual iria registrar a ouvida, a mulher viu uma outra pessoa prestando um boletim e achou que essa pessoa  havia sido privilegiada no atendimento. Daí começou a se alterar dentro da delegacia”, contou o comissário de polícia Cornélio Pedro da Costa, concluindo:

“Foi aí que o escrivão teve que levá-la a força para o lado de fora, por desacato. Pouco tempo depois ela teve a oportunidade de relatar todo este caso direto para o delegado, mas aí se alterou de novo e desacatou a autoridade dele também, foi quando foi detida”.